"Para o pensador, não se aprendem apenas idéias ou fatos mas também atitudes." (Anísio Teixeira)

domingo, 30 de outubro de 2011

A vitamina do Banho de sol

Sol na medida certa previne doenças

O sol é taxado como um vilão para a saúde e de fato é perigoso, quando tem ação prolongada sobre a pele pode levar ao temido câncer de pele. O que não se pode confundir é um Banho de sol de qualidade com uma insolação.

O que mais se ouve por aí é que para manter a saúde corporal é preciso manter uma dieta balanceada, fazer muito exercício físico, ingerir somente alimentos saudáveis, todos estes requisitos fazem parte do processo, mas não são suficientes para se alcançar a vitalidade. Pelo contrário, o que estamos sugerindo neste contexto não diz respeito a sacrifício algum, como passar fome, resistir a doces, ficar exausto de malhar, bastariam apenas 15 minutos diários de uma prazerosa tarefa: vestir uma roupa de banho e curtir o sol a beira de uma piscina!

Mas o que tem de tão especial nesta ação? Trata-se da vitamina presente nos raios solares que está envolvida em diversas funções corporais, como a atividade imunológica, fortalecimento de ossos, desenvolvimento embrionário, inibidor de câncer, entre outras. Estamos falando da vitamina D, ela se faz presente também em alimentos como o salmão, por exemplo, nesta forma fica difícil seu consumo, já que ninguém come este peixe todo dia. Mas no caso do sol, a vitamina é gratuita e está disponível diariamente para quem quiser.

A seguir, como é ativada a vitamina D no organismo:

As partículas de colesterol presentes nos alimentos que ingerimos são usadas para fabricar o composto 7- dehidrocolesterol, uma vez presente em nosso organismo este composto se desloca para a camada externa de nossa pele (a epiderme). Ao recebermos a radiação solar, mais precisamente os raios ultravioletas do tipo B (UVB) que penetram na pele, a molécula de 7- dehidrocolesterol passa por várias transformações químicas e dá origem à vitamina D.

Para o tempo não ser uma desculpa para se isentar da vitamina D, procure realizar tarefas diárias, como ler o Jornal sentado ao sol. A roupa de banho é ideal, porque o recomendável seria deixar cerca de 30 % do corpo exposto, só não se esqueça do protetor solar.

Não dificulte a sua longevidade, divirta-se no verão: tome aquele sol vitaminado! Invista em sua saúde além de manter aquele maravilhoso bronzeado dourado.

Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola
Veja mais! Protetor solar em ação Como o protetor age sobre a pele e quais seus benefícios.


 

A morte do sol

    Imagem da estrutura solar em raio – X.

Se acordássemos um dia e não existisse mais o astro que alegra nossas manhãs? Todos sabem que o Sol não tem a função só de deixar nosso dia mais bonito, iluminado e aquecido, ele cumpre com papéis vitais para nós seres humanos e também para as plantas e animais. Ele participa do processo de fotossíntese dos vegetais e sem esses seria difícil sobreviver, uma vez que nossa alimentação ficaria comprometida.

O que vamos supor neste contexto pode assustar, mas está baseado em estudos científicos. A morte do sol está prevista para daqui a uns 7 bilhões de anos, parece distante, contudo é um processo muito longo que já teve início. É assim, aos poucos, que o astro solar vai perdendo vida, veja como seria este lento processo:

Primeiro, é preciso saber como o sol (esfera gasosa) gera luz e calor, a chamada fusão nuclear. Ela se inicia pela combinação entre átomos de Hidrogênio para criar Hélio e emitir energia na forma de iluminação e aquecimento. Mas será que essa reação (que não tem data de início) nunca terá fim? Este é o ponto de discussão entre os estudiosos, segundo eles, vai chegar um momento em que o gás Hélio será dominante e o Hidrogênio será eliminado do núcleo solar, desta forma não ocorrerá mais a fusão. O gás Hélio já produzido também será consumido e em poucos milhões de anos ficará extinto no núcleo solar, e então acontecerá o fim trágico do sol: ficará reduzido a uma estrela anã, sem brilho e sem vida.

Mesmo se o sol sumisse de repente, seriam necessários alguns dias para começarmos a sentir os efeitos mais drásticos. No primeiro momento ficaríamos no escuro e somente após uma semana a Terra começaria a gelar. Essa suposição está baseada na quantidade de calor já acumulada na crosta Terrestre, falando de uma forma pejorativa, seria uma reserva de energia para “situações de emergência”.

Por Líria Alves
Graduada em Química
Equipe Brasil Escola

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Abstenção do Enem custa R$ 61,2 mi


Após o segundo dia do Enem, na tarde de ontem, a estudante paulistana Gisele Spatuzzi, de 17 anos, estava feliz com seu desempenho - só não sabia exatamente o que fazer, agora, com a nota. “O Enem serve pra tantas coisas, quero ver no que posso me dar bem.” A dúvida se repetia entre alguns inscritos, por causa de uma prova que tem nome e função de avaliação do ensino, mas também serve como vestibular e é critério de bolsa de estudo.
O modelo híbrido do Enem alavanca o número de interessados em realizar a prova - neste ano, chegou-se a um número recorde de 5 3 milhões - mas resulta em um preço alto para a organização e aplicação. A abstenção em 2011 foi menor que a do ano passado, entretanto ainda representa mais de um quarto dos inscritos. Segundo o Ministério da Educação, 26,4% dos candidatos faltaram - como comparação, esse índice fica em torno de 6 % a 8% em um vestibular como o da Fuvest.
O custo com os faltosos este ano foi de R$ 61,2 milhões - quando calculado um valor de R$ 45 por aluno inscrito. O governo cobra R$ 35 para o aluno fazer a prova, mas 71% são isentos. O contrato de aplicação do Enem teve aumento de 190% em um ano: saltou de R$ 128,5 milhões, em 2010, para R$ 372,5 milhões. (AE)

Prêmio José Leite Lopes de Melhor Tese de Doutoramento de 2010

Concorreram ao prêmio doze (12) trabalhos de diferentes áreas da Física, cujas teses foram defendidas no período de 2009-2010.
A Comissão Científica outorgou o Prêmio de 2010 ao Dr. Olexander Zhydenko (USP) com a tese intitulada "Perturbações lineares de buracos negros: estabilidade, modos quase-normais e caudas", orientada pelo Prof. Elcio Abdalla

Receberam Menções Honoríficas:

Dr. Alejo Salles (UFRJ) com a tese "Emaranhamento Quântico: Detecção, Dinâmica e Não-Localidade", orientada pelo Prof. Ruynet Lima de Matos Neto

Dr. Alexandre Dodonov (UFSCAR) com a tese "Medições destrutivas e não-destrutivas em campos eletromagnéticos e processos não estacionários em Eletrodinâmica Quântica de circuitos"”, orientada pelo Prof. Salomon Sylvain Mizrahi.

São Paulo, 17 de outubro de 2010.

Comissão Científica do Prêmio Professor José Leite Lopes de Melhor Tese de Doutoramento.
Livio Amaral (Presidente)
Dionísio Bazeia
José Wellington Tabosa
Ronald Dickmann
Rubem Sommer

Astrofísica desvenda mistérios das primeiras estrelas


Descoberta de pesquisadora brasileira Beatriz Barbuy serviu de base para definir algumas das características dos astros primordiais do Universo, há muito destruídos 



 


Beatriz Leonor Silveira Barbuy está há bastante tempo focada no estudo de aglomerados globulares – algumas das estruturas mais antigas da Via Láctea, compostas majoritariamente por estrelas muito velhas, formadas há cerca de 12 bilhões de anos (para efeito de comparação, estima-se que o Universo tenha 13,7 bilhões de anos). Mas em 2009, mesmo ano em que foi agraciada com o prêmio “L’ORÉAL-UNESCO 2009 para Mulheres na Ciência”, a professora titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) fez uma descoberta surpreendente.

Barbuy encontrou um excesso de certos elementos (lantânio e bário) em estrelas do aglomerado globular NGC 6522, situado no bojo da nossa galáxia. Como o Universo era muito novo quando as estrelas desse aglomerado se formaram, não teria havido tempo suficiente para que esses elementos pesados e em excesso fossem produzidos no coração das primeiras estrelas do Universo – uma geração anterior à das componentes do aglomerado – e então semeados pela explosão de supernovas. Isso de acordo com a teoria “tradicional”.




sábado, 22 de outubro de 2011

Curso traz a Belém o físico Mohan Munasinghe

Questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável serão a base do curso que será promovido em Belém a partir da próxima segunda-feira (24) pelo economista e físico Mohan Munasinghe, um dos mais conceituados intelectuais na área de desenvolvimento sustentável, Prêmio Nobel da Paz em 2007. A iniciativa do curso, que segue até sexta (28) no Centro de Convenções da Universidade Federal do Pará (UFPA), é do Instituto Tecnológico Vale (ITV), instituição sem fins lucrativos, vinculada à Vale, cuja missão é criar opções de futuro por meio de pesquisa científica e desenvolvimento de tecnologia.
Munasinghe é presidente do Instituto para o Desenvolvimento Munasinghe (Sri Lanka) e diretor geral do Instituto Consumo Sustentável na Universidade de Manchester (Reino Unido). Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), do qual era vice-presidente, dividiu o Prêmio Nobel da Paz com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. O paraense Luiz Carlos de Lima Silveira, diretor científico do ITV Belém, diz que a meta principal do curso é a formação de Recursos Humanos na área de desenvolvimento sustentável. A atividade recebeu um grande número de inscrições, mas apenas 40 pessoas foram selecionadas: 20 das universidades e 20 das várias áreas da Vale.
O curso discutirá o desenvolvimento de uma base transdisciplinar chamada “sustenômica” e abordará métodos analíticos e critérios de tomada de decisão para tornar o desenvolvimento econômico, ambiental e socialmente mais sustentável.
“Queremos formar profissionais na área de sustentabilidade capazes de tomar decisões a partir da visão multidisciplinar e foco no equilíbrio entre os diversos aspectos do desenvolvimento”, explica Luiz Silveira. Haverá ainda uma palestra proferida pelo cientista na quarta-feira, aberta ao público em geral e com tradução simultânea. Será realizada às 15h, no auditório Benedito Nunes, no Centro de Convenções da UFPA. (Diário do Pará)

Enem: grande dia para 239 mil estudantes

É na tarde de hoje que os cerca de seis milhões de estudantes inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo o Brasil começam a avaliar os conhecimentos obtidos no Ensino Médio. A poucas horas da primeira parte do exame, o momento é de preparação e atenção para as orientações sobre horário e material necessário para a prova.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), esta edição da prova vai ser realizada por 239 mil estudantes só no Pará. Preocupada em não perder o foco, desde a manhã de ontem, a estudante Rilciane dos Reis já estava com tudo preparado. As canetas de tinta preta e com corpo transparente, único tipo permitido durante o exame, já estavam separadas em um local específico junto ao seu cartão de inscrição e a carteira de identidade.
O café da manhã também havia sido pensado estrategicamente para garantir o bem estar no momento da prova. “Eu quero dormir até mais tarde e tomar um café reforçado antes de ir para a prova”, conta. “Fiz tudo com antecedência para não passar sufoco na hora. A gente se preparou o ano todo e não pode perder o foco em cima da hora”.
Ainda na tarde de ontem, Rilciane foi ao colégio onde estuda, para participar da última revisão para o Enem. Porém, no dia da prova, para ela, o melhor é preparar o psicológico. “A ideia é descansar muito para valer todo o trabalho feito durante o ano. Agora é só esperar a hora de ir para a prova”.
A orientação foi passada pelos professores conforme a data do exame ia se aproximando. Segundo a coordenadora do convênio da escola onde Rilciane estuda, Rafaella Franco, o conteúdo terminou de ser repassado aos alunos ainda no meio do ano. “Em junho terminamos o conteúdo e desde agosto estamos fazendo revisão. Nós treinamos o aluno para fazer o Enem desde janeiro com as avaliações no estilo do Enem”, afirma. “Agora o que se tem que trabalhar é mais a parte psicológica para que se possa transmitir segurança ao aluno de que ele está preparado”.
Quem também se preocupou em não deixar as coisas para a última hora foi a dona de casa, Rosenilde Rodrigues. Na manhã de ontem, ao passar pela avenida Magalhães Barata, ela aproveitou para comprar as canetas que seriam utilizadas por dois de seus filhos e pelo marido na tarde de hoje. “Quis deixar tudo garantido para amanhã (hoje). Eu já tinha procurado perto da minha casa, mas não tinha achado”.
Atenta para o modelo de prova utilizado pelo Enem, a professora de língua portuguesa e redação, Eliana Silva, orienta que o candidato preste atenção ao enunciado das questões. “As disciplinas são agrupadas no que chamados de transversalidade, quando as disciplinas são abordadas e, nesse sentido, o comando da questão é crucial”, orienta. “Se o aluno não for bem orientado quanto ao comando, ele pode ficar perdido e não saber o que estão perguntando”.
Segundo ela, essa confusão pode ser causada pela característica da prova do Enem de abordar diferentes disciplinas que se complementam em um único enunciado. “O aluno tem que identificar qual é o foco da pergunta. Todas as alternativas apresentadas são aplicáveis ao que o texto fala, mas só uma atende à pergunta”, afirma. “A pergunta direciona à resposta certa”.
A professora também orienta sobre os cuidados com a redação. “A redação cobrada é dissertativa-argumentativa. Então está focada na linha da persuasão, onde o candidato tem que provar um ponto de vista”, alerta. “Geralmente as redações do Enem pedem ações que o candidato possa sugerir para solucionar o problema social apresentado”.
HORÁRIO
Para os cerca de 1,9 milhão de candidatos que farão prova na Região Nordeste e para os cerca de 600 mil que participarão do exame na Região Norte, a preocupação com o horário deve ser redobrada. Apesar das regiões não estarem incluídas no horário de verão, o horário de realização da prova do Enem será afetado, já que o horário de fechamento dos portões está de acordo com o horário oficial de Brasília.
O diretor de ensino médio e educação profissional da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), José Roberto Alves, confirma que, no Estado do Pará, a prova será realizada uma hora mais cedo do que seu horário oficial de realização. “Conforme orientação do próprio edital, onde não tem horário de verão, tem que ser respeitado o horário de Brasília”, afirma. “Os portões fecharão às 12h”. (Diário do Pará)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

ESTÁ CHEGANDO A HORA, OBMEP 2011

Listagem dos Alunos Premiados - OBMEP 2010


Estado: PA
Prêmio: Medalha de Ouro.
Nota: Listagem dos alunos por ordem decrescente de nota.

Nível 1
Nome Escola Tipo Município UF Medalha
Não existem registros de alunos neste nível.

Nível 2
Nome Escola Tipo Município UF Medalha
1 LUCAS FERREIRA CABRAL NUCLEO PEDAGOGICO INTEGRADO - NPI F BELEM PA Ouro
2 WESLEY MONTEIRO DE OLIVEIRA E M E I PROF M DO CARMO BARBOSA MONTEIRO M ANANINDEUA PA Ouro
3 MAICON WELLINGTON PANTOJA DE SOUZA E E E F M DRA ESTER MOUTA E PONTA DE PEDRAS PA Ouro

Nível 3
Nome Escola Tipo Município UF Medalha
Não existem registros de alunos neste nível.

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Prova Brasil e SAEB 2011

O INEP realizará a Aneb e a Prova Brasil (Anresc) 2011 em parceria com Estados e Municípios. Participarão da Prova Brasil 2011 todas as escolas com pelo menos 20 estudantes no 5º Ano (4ª Série) e 9º Ano (8ª Série) do ensino fundamental regular, matriculados, em escolas públicas, localizadas em zona urbana e rural.
As provas serão aplicadas no período de 7 a 18 de novembro de 2011, em todos os Estados e no Distrito Federal.
Para realização da Aneb será selecionada uma amostra complementar à Prova Brasil cujos estratos serão constituídos por:
  •  escolas que tenham de 10 a 19 estudantes matriculados no 5º ano (4ª série) ou 9º ano (8ª série) do ensino fundamental regular público;
  • escolas que tenham 10 ou mais estudantes matriculados no 5º ano (4ª série) ou 9º ano (8ª série) do ensino fundamental regular privado;
  • e escolas que tenham 10 ou mais estudantes matriculados na 3ª série do ensino médio regular público ou privado.
Atenção: o público alvo que participará desta aplicação será considerado com base nos dados do Censo Escolar, informados até o dia 14 de agosto de 2011.
Pedimos aos gestores educacionais que priorizem o preenchimento dos dados no Censo Escolar referentes às etapas que serão avaliadas.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Anísio Teixeira, o inventor da escola pública no Brasil

O educador propôs e executou medidas para democratizar o ensino brasileiro e defendeu a experiência do aluno como base do aprendizado
 
Márcio Ferrari

=== PARTE 1 ====
Anísio Teixeira. Foto: Divulgação / Instituto Anísio Teixeira
Anísio Teixeira
Mais sobre filosofia
Infográfico
Considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a educação brasileira no século 20, Anísio Teixeira (1900-1971) foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos. Como teórico da educação, Anísio não se preocupava em defender apenas suas idéias. Muitas delas eram inspiradas na filosofia de John Dewey (1852-1952), de quem foi aluno ao fazer um curso de pós-graduação nos Estados Unidos.

Dewey considerava a educação uma constante reconstrução da experiência. Foi esse pragmatismo, observa a professora Maria Cristina Leal, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que impulsionou Anísio a se projetar para além do papel de gestor das reformas educacionais e atuar também como filósofo da educação. A marca do pensador Anísio era uma atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente.

Para o pragmatismo, o mundo em transformação requer um novo tipo de homem consciente e bem preparado para resolver seus próprios problemas acompanhando a tríplice revolução da vida atual: intelectual, pelo incremento das ciências; industrial, pela tecnologia; e social, pela democracia. Essa concepção exige, segundo Anísio, "uma educação em mudança permanente, em permanente reconstrução".

=== PARTE 2 ====
Didática da ação

As novas responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir; formar homens livres em vez de homens dóceis; preparar para um futuro incerto em vez de transmitir um passado claro; e ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola, começando por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.

O próprio ato de aprender, dizia Anísio, durante muito tempo significou simples memorização; depois seu sentido passou a incluir a compreensão e a expressão do que fora ensinado; por último, envolveu algo mais: ganhar um modo de agir. Só aprendemos quando assimilamos uma coisa de tal jeito que, chegado o momento oportuno, sabemos agir de acordo com o aprendido.

Para o pensador, não se aprendem apenas idéias ou fatos mas também atitudes, ideais e senso crítico - desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma
criança só pode praticar a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. A nova psicologia da aprendizagem obriga a escola a se transformar num local onde se vive e não em um centro preparatório para a vida. Como não aprendemos tudo o que praticamos, e sim aquilo que nos dá satisfação, o interesse do aluno deve orientar o que ele vai aprender. Portanto, é preciso que ele escolha suas atividades.

Por tudo isso, na escola progressiva as matérias escolares - Matemática, Ciências, Artes etc. - são trabalhadas dentro de uma atividade escolhida e projetada pelos alunos, fornecendo a eles formas de desenvolver sua personalidade no meio em que vivem. Nesse tipo de escola, estudo é o esforço para resolver um problema ou executar um projeto, e ensinar é guiar o aluno em uma atividade.

Quanto à disciplina, Anísio afirmava que o homem educado é aquele que sabe ir e vir com segurança, pensar com clareza, querer com firmeza e agir com tenacidade. Numa escola democrática, mestres e alunos devem trabalhar em liberdade, desenvolvendo a confiança mútua, e o professor deve incentivar o aluno a pensar e julgar por si mesmo. "Estamos passando de uma civilização baseada em uma autoridade externa para uma baseada na autoridade interna de cada um de nós", diz ele em seu livro Pequena Introdução à Filosofia da Educação.

Como preparar o professor para essa tarefa hercúlea da escola de hoje, ocupada por tantos alunos que não se contentam em aprender apenas as técnicas e conhecimentos mais simples mas também as últimas conquistas da ciência e da cultura? O que fazer quando eles exigem informações até mesmo sobre tendências indefinidas e problemas sem solução? Para responder a tantas questões, os educadores do mundo todo precisarão de novos elementos de cultura, de estudos e de recursos, propôs o pensador, que na prática instalou novos cursos para professores. Só assim, dizia, os mestres tentarão renovar a humanidade para "a grande aventura de democracia que ainda não foi tentada".
=== PARTE 3 ====
A escola pública e integral como solução
A Escola Parque de Salvador, em 1950: projeto piloto de ensino integral. Foto: CPDOC/FGV
A Escola Parque de Salvador, em 1950: projeto
piloto de ensino integral.
Para ser eficiente, dizia Anísio, a escola pública para todos deve ser de tempo integral para professores e alunos, como a Escola Parque por ele fundada em 1950 em Salvador, que mais tarde inspiraria os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) do Rio de Janeiro e as demais propostas de escolas de tempo integral que se sucederam. Cuidando desde a higiene e saúde da criança até sua preparação para a cidadania, essa escola é apontada como solução para a educação primária no livro Educação Não É Privilégio. Além de integral, pública, laica e obrigatória, ela deveria ser também municipalizada, para atender aos interesses de cada comunidade. O ensino público deveria ser articulado numa rede até a universidade. Anísio propôs ainda a criação de fundos financeiros para a educação, mas, mesmo com o atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), os recursos são insuficientes para sustentar esse modelo de escola.
=== PARTE 4 ====
Biografia

Anísio Spínola Teixeira nasceu em 12 de julho de 1900 em Caetité (BA). Filho de fazendeiro, estudou em colégios de jesuítas na Bahia e cursou direito no Rio de Janeiro. Diplomou-se em 1922 e em 1924 já era inspetor-geral do Ensino na Bahia. Viajando pela Europa em 1925, observou os sistemas de ensino da Espanha, Bélgica, Itália e França e com o mesmo objetivo fez duas viagens aos Estados Unidos entre1927 e 1929. De volta ao Brasil, foi nomeado diretor de Instrução Pública do Rio de Janeiro, onde criou entre 1931 e 1935 uma rede municipal de ensino que ia da escola primária à universidade. Perseguido pela ditadura Vargas, demitiu-se do cargo em 1936 e regressou à Bahia - onde assumiu a pasta da Educação em 1947. Sua atuação à frente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos a partir de 1952, valorizando a pesquisa educacional no país, chegou a ser considerada tão significativa quanto a Semana da Arte Moderna ou a fundação da Universidade de São Paulo. Com a instauração do governo militar em 1964, deixou o instituto - que hoje leva seu nome - e foi lecionar em universidades americanas, de onde voltou em 1965 para continuar atuando como membro do Conselho Federal de Educação. Morreu no Rio de Janeiro em março de 1971.

Educação como meta política
Fernando de Azevedo, reformador do ensino público, com normalistas da Escola Caetano de Campos: Manifesto da Escola Nova. Foto: Caderno de Pesquisas/FCC
Fernando de Azevedo, reformador do ensino
público, com normalistas da Escola Caetano
de Campos: Manifesto da Escola Nova.

Nos anos 1920, com a crescente industrialização e a urbanização em todo o mundo, a necessidade de preparar o país para o desenvolvimento levou um grupo de intelectuais brasileiros a se interessar pela educação - vista como elemento central para remodelar o país. Os novos teóricos viam num sistema estatal de ensino livre e aberto o único meio efetivo de combate às desigualdades sociais. Esse movimento chamado de Escola Nova ganhou força nos anos 1930, principalmente após a divulgação, em 1932, do Manifesto da Escola Nova. O documento pregava a universalização da escola pública, laica e gratuita. Entre os nomes de vanguarda que o assinaram estavam, além de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo (1894-1974), que aplicou a sociologia à educação e reformou o ensino em São Paulo nos anos 1930, o professor Lourenço Filho (1897-1970) e a poetisa Cecília Meireles (1901-1964). A atuação desses pioneiros se estendeu por décadas, muitas vezes criticada pelos defensores da escola particular e religiosa. Mas eles ampliaram sua atuação e influenciaram uma nova geração de educadores como Darcy Ribeiro (1922-1997) e Florestan Fernandes (1920-1995). Anísio foi mentor de duas universidades: a do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, desmembrada pela ditadura de Getúlio Vargas, e a de Brasília, da qual era reitor quando do golpe militar de 1964.
Para pensar
As escolas comunitárias americanas inspiraram a concepção de ensino de tempo integral de Anísio Teixeira. Lá, no entanto, a jornada dificilmente tem mais do que seis horas diárias. O conceito entre nós ampliou-se consideravelmente: escola de pelo menos oito horas e, no caso dos Cieps, uma instituição que deveria dar conta de todas as necessidades das crianças, até mesmo de cuidados maternos e moradia. Numa realidade na qual os recursos são limitados, o problema é de prioridades e decisões difíceis: manter uma escola com esse modelo para uma minoria ou manter um modelo menos ambicioso para a maioria? Afinal, Anísio também propunha uma escola para todos.
Quer saber mais?
Educação Não É Privilégio, Anísio Teixeira, 253 págs., Ed. UFRJ, tel. (21) 2295-1595, 35 reais
Pequena Introdução à Filosofia da Educação, Anísio Teixeira, 176 págs., Ed. DP&A, tel. (21) 2232-1768, 25 reais
Trajetórias de Liberais e Radicais pela Educação Pública, Diana Couto Pinto, Maria Cristina Leal e Marília Pimentel, 152 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 6914-1922, 17 reais
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Grandes pensadores
Biografia e pensamento de educadores que fizeram história, da Grécia Antiga aos dias de hoje, organizados por ordem alfabética de sobrenome
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  • De F a M
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Rosângela Alves Gomes - Postado em 22/04/2011 12:54:24
O colega Antonio Alves disse: " Para Anísio, a cultura não interfere nos resultados da teoria aplicada." Sinceramente, pelo que li a respeito de Anísio Teixeira essa afirmativa não procede. Há alguma bibliografia que justifique esse pensar? Se houver, por favor, nos indique. Grata
Antonio Alves dos Santos - Postado em 01/04/2011 11:13:04
Esse Anísio Teixeira era, na verdade, um pedante, que achava ideis que dão certo em uma parte do globo com certeza dão certo no restante do mundo. Para Anísio, a cultura não interfere nos resultados da teoria aplicada. É por isso que o ensino púplco viorou este caos que está aí.
antonio silva ramos - Postado em 07/09/2010 12:39:21
Fico muito feliz por saber que o Pai de Anisio Teixeira, Deoclesiano Pires Teixeira, nasceu na mesma cidade que a minha: Nossa Senhora do Alívio do Brejo Grande - atualmente denominada de ITUAÇU-BA, que também foi fecundado Gilberto Gil que viveu até seus 10 anos de idade, e, Moraes Moreira. É marcante saber de uma cidade muito pequena, atualmete com menos de 15.000 habitantes tem pessoas de grande destaque.
Publicado em Especial Grandes Pensadores, Outubro 2008,